Sento-me.
Quando me apercebo aquele muro velho onde estou sentado, reflecte as sombras da árvore em cima de mim.
Olho em frente e tenho uma rua, à qual não encontro o fim.
Percebo que estou no meio de uma cidade, emanam prédios no horizonte por todos os lados, cinzentos, vidraçados.
Reflectem suavemente o brilho do sol tímido que se ostentava enquanto uma leve brisa fresca corria pelas minhas faces.
Pergunto-me onde irá dar esta rua e levanto-me.
Penso para mim "Será que consigo encontrar o fim?"
"Vamos tentar."
Começo a andar. Um passo, dois passos, três passos (...) cem passos.
Chego a um cruzamento e deparo-me com um cenário totalmente incompreensível.
À minha esquerda encontro um caminho que parece ser semelhante ao que percorri até ao momento, apenas se denotavam que havia algumas pessoas na rua andando calmamente.
Tinham um olhar vazio, infinito. Pareciam saber onde iam, mas o olhar não fixava nada, como se estivessem cegas.
À minha direita encontro uma parede alta, feita de pedra. Rústica...
Como poderia uma parede tão antiga estar assim num meio de uma cidade?
No meio de uma estrada, de uma rua inteira, vedando os acessos todos para aquele lado.
O que haveria ali?
Denotava-se no horizonte por trás da parede, um esboço de algo parecido com uma montanha. Mas não se percebia a côr, nem o formato, nem o tamanho.
Rapidamente escolhi e virei à esquerda.
Quando o faço toda a cor existente daquele sol tímido inicial desapareceu.
As ruas ficaram a preto e branco e as pessoas pararam. Queria perceber o que se passava ali, então resolvi caminhar mais.
Parecia um cenário pós-Apocalipse.
Edifícios desfeitos, ruas velhas e abandonadas. Via passar na rua gatos abandonados. Sem côr, com um ar penoso.
De repente oiço um barulho atrás de mim. Uma sirene acabou de tocar, fazendo lembrar o típico aviso sonoro de ataques em quanto guerras.
As pessoas que antes estavam paradas desapareceram, os gatos que atravessavam as ruas começaram a correr.
Ao longe no céu aparecia uma nuvem. Preta, cobria por completo todos os prédios à minha frente. Deslocava-se na minha direcção enquanto chovia sobre toda a cidade.
Comecei a correr. Tentei outra vez alcançar aquele cruzamento e encontrar uma saída daquele mundo que se criou à minha volta.
Vou, viro na primeira rua que encontro, tropeço.
Caio no chão sem perceber onde tropecei e num ápice a nuvem alcançou-me.
De repente, vejo um animal a atravessar a estrada. Parecia um cão. A chuva que caiu em cima dele fez com que ele desaparecesse também. Desfez-se simplesmente.
Acabou por cair em cima de mim também.. E eu, já percebendo que aquele era o meu fim deixei-me estar, não valia a pena fugir mais.
Acordei numa montanha, pensei para mim. Estou morto, cheguei ao céu.
Um sol esplendoroso punha-se no céu, havia famílias por todos o lado sentados, a sorrir e falar.
Crianças corriam prado a fora.
Um rapaz alcançou-me. Pôs-me a mão do ombro e sorriu.
"Bem vindo, estás de parabéns. Conseguis-te ultrapassar o maior desafio da tua vida"
Perplexo, virei-me para ele e sem conseguir proferir uma palavra que fosse ele continuou.
"Chegas-te a uma altura da tua vida em que tiveste de escolher um caminho. Não sabias qual mas quiseste descobrir por ti mesmo e não tiveste medo de descobrir o desconhecido. Na altura certa soubeste enfrentar os problemas e quando deste por ti já os tinhas resolvido"
Nisto acordo.
Estava deitado na minha cama, eram 8 da manhã e a ventoinha refrigerava-me suavemente a cara.
Estava a sonhar.
O que será que significou este sonho?
Não sei.
Mas mais uma vez entendi que não temos de ter medo da nossa vida.
Que não podemos passar directamente para a parte onde não existem problemas.
Temos de lutar por ela.
Tentar alguma coisa.
Enfrentar aquilo que nos tormenta.
E quem sabe na realidade chegaremos a esse prado onde só emana um sentimento de felicidade e não se vêm mais nuvens no céu.
By Jack 2010
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